quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um ministério problemático

O Ministério dos Transportes pode ser considerado o sétimo céu. Todos o querem por causa da quantidade de obras que administra, via Valec e DNIT. Seu histórico de enriquecimento ilícito vem desde sempre, da época em que tinha o pomposo nome de Ministério da Viação e Obras Públicas, até 1967. Quem por ele passa ou tem conexões não sai nunca sem um bom patrimônio construído.
Voltando um pouco no tempo, foram várias as acusações sofridas pelo então coronel Mário Andreazza durante a construção da Ponte Rio-Niterói. Pela magnitude de seus 13 metros de extensão sobre a Baía da Guanabara, pode se ter a idéia de o quanto de dinheiro foi empregado ali. Também é da época de Andreazza a Transamazônica, a tal estrada que liga o nada a lugar algum. Muita gente enriqueceu nessa brincadeira de concreto e asfalto.
Andreazza, porém, não morreu rico. Seu sepultamento foi pago por amigos, que se cotizaram. Reza a lenda que, por gostar dos prazeres da vida, apostou muito em cavalos rápidos e mulheres mais rápidas ainda. Não teria deixado patrimônio, mas, relatado por quem o conheceu, teria aproveitado as delicias que o dinheiro permite sempre regado a uísque com mais de 12 anos.
Na época de Fernando Henrique Cardoso, quem dava as cartas no Ministério dos Transportes era o PMDB. Eliseu Padilha lá entrou e ficou o tempo que ele e o partido quiseram – mais precisamente de 1997 a 2001, o que representa ter passado na cadeira todo o segundo mandato de FHC. Vejam o que está no site d’O Estado de São Paulo de 21 de março de 2009.
“A última edição da revista IstoÉ traz denúncias contra o ex-ministro dos Transportes e deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), que supostamente praticou tráfico de influência e fraude em licitações de obras de infraestrutura que interessariam a MAC Engenharia. O inquérito tramita em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). A publicação teve acesso aos relatórios da Polícia Federal que revelariam o depósito de R$ 267 mil feito pela empresa beneficiada na conta da Fonte Consultoria Empresarial, da qual Padilha e sua esposa, Maria Emília, são sócios. O também deputado federal José Otávio Germano (PP-RS) é citado como suposto fornecedor de informações privilegiadas em favor da MAC Engenharia”.
Quem quiser ler o restante da matéria, basta fazer um Google.
Depois de Eliseu, já no governo Lula, o Ministério passou para as mãos do PR, o atual Partido Liberal do já esquecido Álvaro Valle. Era da esfera de influência do falecido vice-presidente José Alencar, no rol de acordos com o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva para a disputa da Presidência.  Para a pasta foi trazido o deputado federal eleito Anderson Adauto, correligionário de Alencar e, como ele, mineiro. Foi abatido por denúncias de que se metera com um esquema de desvio de R$ 4 milhões da Prefeitura de Iturama (MG).
Fazendo-se mais num Google, chega-se a esta notícia sobre Adauto, no site da revista Veja: “Em seguida (ao caso da Prefeitura de Iturama), um subordinado acusou-o de alterar a ordem dos pagamentos para beneficiar uma empreiteira. O último barulho partiu do diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, José Coutinho. Ele acusou o ministro de gastar 32,3 milhões de reais dos recursos para recuperar estradas com despesas menos importantes.”
Saiu Adauto e entrou Alfredo Nascimento, como ele integrante do PR. Passou todo o governo Lula, sobreviveu à crise do Mensalão - que abateu o amigo Valdemar Costa Neto – e continua no cargo até hoje. Deve ficar. Mas ninguém pode negar que o Ministério dos Transportes tem um histórico que não recomenda quem por ele passa.

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